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Teremos um "cavalo paraguaio" no segundo turno das eleições em Porto Velho?

 

RETICÊNCIAS POLÍTICAS...  -  Por Itamar Ferreira *

 
"Cavalo paraguaio" na política é nome que se dá ao fenômeno de um candidato crescer muito rapidamente e cair vertiginosamente na reta final. Só para citar dois casos mais famosos, temos Celso Russomano, um verdadeiro campeão nesse quesito, nos anos de 2010, 2012 e 2016. Este ano ele chegou a liderar com 31% e terminou com 13%.

 O outro caso emblemático foi o de Marina Silva que teve uma trajetória "espacial" nas pesquisas durante as eleições presidenciais de 2014, subiu como um foguete e desceu feito um meteorito. Marina chegou à liderar nas pesquisas com 34%, mas terminou o primeiro turno com apenas 21% em terceiro lugar.

 Cientistas políticos apresentaram algumas conclusões sobre Marina: em primeiro lugar, os adversários conseguiram elaborar estratégias bem-sucedidas de ataque direto; ela não cresceu nas pesquisas por suas ideias e agenda propositiva, mas porque conseguiu se colocar como a candidata de negação da "velha política"; os adversários adotaram uma estratégia bem sucedida de desconstrução da imagem da candidata. Tudo isso lhes parece familiar neste momento?

 A candidatura do Dr. Hildon apresenta algumas semelhanças com a de Celso Russomano e, principalmente, com a da Marina Silva, que é um crescimento acelerado sem uma base concreta, real e de certa forma até mesmo inexplicável.

 Dr. Hildon navegou em águas mansas no primeiro turno, sem ataques diretos dos adversários e só recebeu uma atenção maior quando atacou; porque pelas pesquisas não teria chance de ir ao segundo turno. Quando chegou de forma surpreendente em primeiro lugar, foi declarada aberta a temporada de "caça ao candidato", ônus que tem todos os que chegam à liderança.

 Em apenas quatro dias Dr. Hildon experimentou a vida dura de quem lidera: primeiro, foi destacado que ele possui cinco grandes faculdades, sendo três no Interior de Rondônia, uma em Mato Grosso e outra em Rio Branco, mas nenhuma em Porto Velho, onde tem apenas um pequeno escritório de representação de ensino à distância. Ou seja, ele teria confiado muito mais em outras cidades para investir o seu dinheiro. Confira vídeo do próprio Hildon falando do seu portentoso império empresarial no link: https://www.youtube.com/watch?v=IJahFVxST9o

 Em seguida, veio a público uma prisão em flagrante numa blitz da Lei Seca, que por si só poderia não ter tanto impacto junto ao eleitorado; exceto pelo fato dele ter afirmado em alto e bom som, num debate ao vivo na TV, que "nunca tinha sido preso"; ou seja, o candidato teria faltado com a verdade.

 Terceiro, veio à tona a estranhíssima criação de uma empresa em 2008, ao que se saiba constituída por cidadãos de Rondônia, no Rio de Janeiro; sendo que os sócios seriam, além do Dr. Hildon, a esposa do ex-senador Expedito Junior e donos de hospitais de Porto Velho.

 Como inferno astral pouco é bobagem, o candidato havia dito que recusaria apoio de partidos e da velha política; entretanto, apareceu abraçado com Expedito Junior, com o vereador Edwilson Negreiros e outros representantes da "velha política", como o próprio vice Edgar do Boi, um milionário fazendeiro. Isso está mostrando um clara contradição que pode não ser muito bem digerida pelo eleitorado.

 
E a campanha do segundo turno sequer começou pra valer, a propaganda eleitoral de Rádio e TV ainda não foi ao ar e se terá duros debates pela frente. Dr. Hildon conseguirá manter e, mais que isso, ampliar os votos necessários para vencer ou será mais um "cavalo paraguaio" da política? Quanto a representar o "novo na política" fica muito difícil convencer o eleitor disso tendo o Expedito Junior ao lado; aqui nenhum juízo de valor sobre o ex-senador, a não ser quanto à sua "idade" política.


* Itamar Ferreira é bancário, sindicalista, formado em adm. empresas e pós-graduado em metodologia do ensino pela UNIR e graduando em direito na FARO.

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